Uma empresa de serviços de manutenção de gramado, contratada por uma terceirizada do governo Estadual para fazer a reforma da Escola Rio Tapajós, em Santarém, oeste do Pará, retirou a grama que havia colocado na instituição de ensino. De acordo com o dono da empresa, o material foi removido por falta de pagamento.

“Eu coloquei todo meu estoque e capital de giro lá, foram 1.430 m², tirei 24 metros só. Se não pagarem, eu tenho que tirar, porque não me pagaram, não quer dizer que é um afrontamento, é uma questão de necessidade”, ressaltou o dono da empresa, Raimundo Cavalcante.
Após ser informada pela empresa, sobre a retirada da grama, a direção da escola comunicou a 5ª Unidade Regional de Ensino (5ª URE), que garantiu que iria repassar a situação a Secretaria Estadual de Educação (Seduc). “Eu conversei com o diretor das URE na segunda-feira passada e ele me falou que o vice-governador comunicou para a URE que todas as empresas tinham recebido o dinheiro justamente para sanar esses problemas, mas para nossa supresa o senhor que fez o trabalho retirou, então se conclui que ele não recebeu a outra parte”, explicou o diretor da escola, Aluízio Bentes.
O diretor da 5ª URE, Dirceu Amoedo, informou que muitas obras foram paralisadas nas últimas semanas devido um atraso de pagamento às empresas que estão trabalhando nas escolas, que é feito pela Seduc, mas, segundo Amoedo, o problema já foi resolvido. “Houve atraso com o repasse, as empresas não receberam o recurso, algumas paralisaram o serviço, mas esta semana elas normalizaram”, completou.
Os alunos demonstram descontentamento com a situação em que a escola passa. As ex-alunas da Rio Tapajós, Luara e Raiane, que ficaram conhecidas ano passado por terem discutido com o então governador do Pará, Simão Jatene, durante visita à escola, dizem que o termo 'maquiagem', utilizado por elas referindo-se a reforma na instituição, é reforçado diante de mais essa situação a qual os alunos passam.
“Como dizem, a ‘maquiagem foi borrada’. Essa grama foi trazida para cá doi dias antes do governador vir. Foi reinaugurada com uma imagem bonita, com a grama e tudo mais e agora meses depois foi retirada por falta de pagamento. A gente precisa de explicação sobre o que ocorreu aqui. Porque o governo não pagou isso? Foi realmente só para faer aquela imagem bonita?”, questionou a ex-aluna Luara rebelo Nunes, 16 anos.
“O que a gente falou, bastante gente achou que era brincadeira, que estávamos tirando graça, mas não, agora vocês podem ver que foi tirada a grama colocada dois dias antes dele chegar, aí depois que ele foi embora tudo ficou normal, e agora a gente soube que vieram tirar a grama, porque o governo não pagou. Então isso confirma o que a gente disse. Já que ele acha que o que dissemos estávamos erradas, então agora que ele veja o que ele fez por que ele não pagou, e a gente vai ficar sem”, afirmou Raiane Vieira, 19 anos.
O G1 entrou em contato com a Seduc e aguarda um posicionamento.
Relembre o caso
O governador do Pará, Simão Jatene, se desentendeu com estudantes da escola estadual Rio Tapajós durante uma visita realizada à instituição, no dia 28 de novembro. O colégio passou por reformas recentemente, e, no momento da cerimônia, alunas que cobravam reformas mais completas, chamaram a obra entregue pelo governo de ‘maquiagem’.
Na ocasião, o governador contestou as acusações e disse que parte dos investimentos feitos na educação se perde quando o próprio estudante descuida do patrimônio público.
Ainda sobre os custos que o governo tem para reformar escolas e materiais que são danificados por alunos, o governador acrescentou que o recurso utilizado é único para pagar os salários, reformar a escola, construir a quadra e qualificar os professores.
O governo do Estado divulgou que foram utilizados R$ 700 mil para melhoria do forro, da fiação, pintura, iluminação, calçadas e jardinagem da escola Rio Tapajós, que não passava por reforma há 15 anos.

Nenhum comentário:
Postar um comentário